segunda-feira, 19 de março de 2012

residir nas palavras...


como escrever alguma coisa quando não se tem nada para dizer?... gostaria de ter a audácia de escrever sem nada para contar... escrever como se nenhuma palavra pudesse ilustrar fato algum... seriam signos dispostos em uma ordem não ordenada... escrever por simples e pura necessidade de ouvir as palavras... como velhas e sábias companheiras... aquelas, as quais imagem alguma pode registrar... são densas e muitas vezes amenizamos seus efeitos, fugindo... incomoda o que não faz sentido... e nos encontramos sempre numa eterna busca por sentidos... e estar sentido nada se assemelha com fazer sentido... faz sentido e estou sentido... ou não faz sentido e continuo sentido... há poços na linguagem... há poços no mundo... aparecem quando sem/com sentido estou sentido... queria apenas escrever alguma coisa que nada dissesse, porém, dizendo algo... queria escrever alguma coisa que fosse além de qualquer sujeito... algo como um não-ser-sentido, com ou sem sentido... queria habitar o mundo de uma maneira diferente, por isso gostaria muito de escrever algo que nada dissesse, mas dizendo algo... queria habitar os poços... talvez tenha dito algo... espero que não seja um fato.
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Este trabalho de Jonathan Braga, foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial 3.0 Não Adaptada.

Um comentário:

Anônimo disse...

lembrei de Clarice, em Água Viva, residindo nas palavras à procura de sua quarta dimensão, do instante-já...desfazendo sentidos para sentirmos...