domingo, 19 de outubro de 2008

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" - Senhora dona do albergue - disse K. -, não entendo por que, em virtude de uma coisa dessas, se rebaixa a me fazer um pedido. Se como diz é impossível que eu fale com Klamm, então é óbvio que não vou conseguir, peça-me ou não. Mas se for possível, por que então não devo fazê-lo, principalmente tendo em vista que, caindo sua principal objeção, todos os outros temores seus se tornam muito duvidosos? Certamente sou ignorante, a verdade permanece de qualquer forma e isso é muito triste para mim, mas existe também a vantagem de que o ignorante ousa mais e por esse motivo quero, com prazer, carregar mais um pouco a ignorância e suas más consequências - enquanto as energias para tanto forem suficientes. Mas no essencial essas consequências só afetam a mim e é sobretudo por isso que não entendo seu pedido. A senhora vai cuidar sempre de Frieda, com toda a certeza, e se eu desaparecesse completamente da vista dela isso só poderia significar uma felicidade, do seu ponto de vista. O que está temendo, então? Será que a senhora na verdade não teme que, para quem não sabe de nada, tudo parece possível?"

KAFKA, F. O Castelo; trad. Modesto Carone - São Paulo: Companhia das Letras, 2008. Pág.68

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